Palestra sobre Prevenção ao suicídio no Lar das Crianças da CIP

Na última quarta-feira, dia 18 de setembro (amarelo), aconteceu no Lar a palestra “Prevenção ao suicídio”, com a psicóloga Verônica Rodrigues. Em parceria com o Horas da Vida e dentro do projeto Condeca. Entre famílias e os jovens do T7 (14 anos) 32 pessoas lotaram a sala para falar de um assunto que assusta mas que está presente e falar sobre ele é o único caminho possível.

O Setembro Amarelo tem origem em uma campanha organizada pela fundação Yellow Ribbon (em português, “Fita Amarela”), fundada em 1994. A cor tem origem em um Ford Mustang amarelo.

Tudo começou com um jovem chamado Michael Emme, de Westminster, Colorado, conhecido pela família e pelos amigos como “Mustang Mike”. Era um entusiasta, fã do Ford Mustang que comprou um exemplar antes mesmo de ter idade para dirigir. O carro era um hardtop de 1967, e Mike queria restaurá-lo para usar como seu primeiro carro. Fez todo o trabalho sozinho e pintou a carroceria de amarelo brilhante.

Mike tirou a própria vida por não saber como pedir ajuda – o que é assustadoramente comum em casos de depressão e ansiedade. Estas doenças (que já foram tema de palestras no Lar das Crianças) afetam o comportamento de forma silenciosa e, frequentemente, confundem-se com uma simples tristeza, ou por supostas características da personalidade da pessoa.

Mike era descrito pelos pais como um jovem de bom coração, generoso e bem humorado. No entanto, às 11h52 do dia 8 setembro de 1994 – há 25 anos – o casal chegou em casa e se deparou com o Mustang parado na frente da casa como de costume mas, Mike dentro do carro, já sem vida. Ele deu um tiro em si mesmo e havia um bilhete perto do corpo. “Mãe pai, não se culpem. Eu amo vocês”, dizia o papel. “Com amor, Mike. 11h45 pm”. Mike cometeu suicídio sete minutos antes de seus pais aparecerem. Eles poderiam ter salvo o filho.

Dizem que Mike havia terminado com a namorada pouco tempo antes e que andava meio para baixo. No entanto, quem o conhecia acreditava que era normal: havia acabado de sair de um relacionamento e este tipo de coisa costuma deixar as pessoas tristes. No entanto, Mike provavelmente sofria de depressão. Sem tratamento e sem apoio – talvez até mesmo por não saber do que se tratava – chegou à conclusão de que tirar a própria vida era sua única opção.

Conversando com os amigos de Mike, os pais viram que a tragédia de seu filho não precisava ser em vão. Foi quando eles tiveram a ideia de criar “lembranças” de Mike – objetos simples que fossem carregados com a memória do filho, e que de alguma forma pudessem ajudar jovens na mesma situação a escaparem de um fim precoce e triste como o dele.

Surgiu então a ideia das fitas amarelas, como o Mustang de Mike, cada uma delas presa a um cartão. Nos cartões, uma mensagem simples: “se você está pensando em suicídio, entregue este cartão a alguém e peça ajuda!” A ideia era ajudar jovens que pensam em suicídio a expor sua situação.

Os pais e amigos de Mike confeccionaram 500 cartões com fitas amarelas e, durante seu funeral, colocaram todos em um cesto. No fim da cerimônia, todos os cartões foram levados e começaram a se espalhar pelo país. Semanas depois, os pais de Mike começaram a receber ligações, cartas e emails de pessoas que tinham recebido o cartão de alguém.

De lá para cá, a Yellow Ribbon tornou-se um programa de prevenção ao suicídio baseado nos cartões e nas fitas amarelas. Os cartões são direcionados aos adolescentes e jovens, enquanto os adultos recebem informações sobre como agir ao receber um cartão. Parece um gesto pequeno, mas o primeiro passo para superar a depressão é identificá-la e diagnosticá-la. Muitas vezes, uma simples conversa pode levar a uma visita ao psicólogo ou ao psiquiatra – e, com ajuda profissional, a depressão pode ser combatida e controlada.

Segundo a Yellow Ribbon, já foram distribuídos mais de 19 milhões de cartões que, nos últimos 25 anos, ajudaram a evitar quase 115.000 suicídios entre jovens. Ainda assim, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorrem cerca de 800.000 suicídios por ano em todo o planeta, a maioria deles decorrentes de transtornos mentais.

Desde 2003, a OMS adotou o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. No Brasil – onde uma pessoa dá fim à própria vida a cada 45 minutos – a campanha Setembro Amarelo é uma iniciativa do Centro de Valorização à Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A inspiração foi a história de Mike Emme e a atuação da Yellow Ribbon.

Se você tem sintomas de depressão ou pensamentos suicidas busque ajuda. Uma boa forma de fazê-lo é ligar para o CVV no número 188 (ligação gratuita) ou acessar o site da organização, que oferece apoio psicológico a quem só precisa conversar – e também recruta voluntários, mediante um programa de treinamento. E, o mais importante, procurar apoio psicológico de um profissional.


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