Voluntariado no Lar: entrevista com a diretora Betty Kitner Calixto

O Lar de Crianças da CIP conta desde sua fundação em 1937 com uma rede de voluntários muito fiel e competente. Entrevistamos a atual diretora do Lar, Betty Kitner Calixto, responsável pela estratégia da instituição, e também pelas frentes de voluntariado.

Formada e pós-graduada em administração de empresas, com experiência de trabalho no mercado financeiro, após anos se dedicando a família decidiu retornar para o mercado de trabalho com o desejo de se engajar em causas sociais. 

Desde 2015, quando iniciou o trabalho voluntário no Lar, vem se dedicando a captação de recursos e trazendo parcerias para a organização com muito sucesso. Durante a pandemia conseguiu manter a equipe unida e realizar o Jantar  Beneficente, mantendo a tradição anual e garantindo uma importante fonte de receita para a instituição. Desde 2019, quando recebeu o convite da Luciana Mautner, se tornou diretora do Lar. 

Betty Kitner Calixto Betty Kitner Calixto, Diretora do Lar das Crianças da CIP.  

Como começou a sua relação com o Lar das Crianças da CIP? 
Meus pais tinham uma situação muito parecida com as famílias que começaram o Lar, pois são imigrantes judeus vindos da Europa e eles sentiram a mesma dificuldade que as famílias no motivo da sua criação. Chegaram ao Brasil, não falavam a língua, não tinham emprego, só que eles eram jovens e ainda não tinham crianças. Eles se casaram na CIP, então para mim é um orgulho poder estar aqui e dar continuidade a esta linda iniciativa de acolhimento.

Quais foram os maiores desafios que o Lar enfrentou neste ano? 
Foi fechar o orçamento no azul, manter toda equipe e voluntários engajados, o que eu acho que a gente fez muito bem.

Esse foi um ano cheio de desafios na verdade.  A reabertura do Lar trouxe inúmeros, foram meses nos preparando, nos encorajando e dando segurança para equipe poder abrir no dia 13 de outubro. No início de novembro muitas outras ONGs e escolas ainda não abriram as portas, porque não é simples. Nós estamos muito seguros com a reabertura, com os protocolos utilizados e felizes em poder receber as crianças novamente. 

As crianças são a nossa grande motivação e o nosso motivo de estarmos engajados com este projeto. O nosso trabalho não se limita a criança e ao jovem, mas se estende à família e depende também da sua participação. De entender qual a importância do nosso trabalho e que esse jovem vai se desenvolver e alcançar sucesso, e a família é parte fundamental de todo esse longo processo. 

Qual o papel das voluntárias do Lar das Crianças? 
Nós temos dois grupos muito fortes de voluntariado. O “grupinho” que são senhoras que já são voluntárias do Lar há aproximadamente 40 anos. Elas entraram jovens, sempre de olho no que as crianças do Lar precisam, seja para educação, necessidades especiais, assistencialismo ou dinheiro. O grupinho surgiu assim e hoje elas estão mais afastadas em função da idade. Apesar de ainda termos muitas delas bastante ativas. 

Ao longo dos anos surgiu esse grupo mais jovem, que faz o que o “grupinho” fazia no passado. Estar de olho nas necessidades, criar,  inovar e organizar eventos que trazem renda para a instituição. É uma combinação de atividades bacanas que completam as necessidades do Lar com a receita para a instituição. O grupo jovem hoje, foca em: jantares, bazares, atividades culturais, eventos comemorativos e também marketing de causa. Estamos de olho em todas as oportunidades que vemos no mercado e nos relacionamentos que de certa forma trazem parcerias para o Lar.

Como foi manter as voluntárias engajadas?
Inicialmente conseguimos manter o voluntariado envolvido através das reuniões do zoom, e esse foi um desafio grande pois cada pessoa está em um espaço, num lugar diferente. Às vezes morando fora de São Paulo, ainda assim nós conseguimos deixar o grupo engajado, por meses afastados desde o início do isolamento. O grupo foi muito inovador e percebemos que fizemos eventos únicos. Tivemos uma ideia maravilhosa de manter o Jantar anual, só que desta vez, fizemos de forma virtual levando a interação e o jantar na casa dos convidados. Escolhemos o momento certo, pois na data do jantar a maioria das pessoas ainda estava em isolamento total.

Como você vê o Lar nos próximos anos?
O Lar tem que seguir com a essência de sempre: ficar de olho nas necessidades das crianças e jovens. Vamos atrás das inovações e do que for preciso para aprimorar o que já oferecemos. Nós desejamos a cada ano aumentar o número de crianças atendidas e ver os resultados nas suas vidas. Saber qual é o projeto de vida deles, como vão chegar lá e onde eles já estão chegando. Temos muitos exemplos de jovens que estão no ensino médio, fazendo cursos técnicos, cursando boas universidades, mas queremos que esse resultado também apareça no encaminhamento profissional. É o objetivo que queremos! Já temos bons resultados com ex-participantes, pois os filhos das pessoas que foram atendidas pelo Lar não estão em situação de vulnerabilidade e não precisam da instituição.

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